quinta-feira, 8 de maio de 2014

Conta-me uma história


                     Corre, corre, cabacinha!  

Era uma vez uma avozinha que tinha muitos filhos e muitos netos. Um dia, um dos seus filhos foi avisá-la que ia ter outro neto e que, daí a um mês, seria o batizado. Então ela teria de cozinhar pão-de-ló, arroz doce, coscorões e papas de farinha com mel para a festa e também teria de levar um padrinho para o neto.
A velha ficou preocupada porque não conhecia ninguém nem sabia onde arranjar um padrinho, pois ela vivia sozinha, no meio da floresta.
Cozinhou durante um mês e, no dia do batizado, lá foi ela com uma cesta carregada de coisas boas.
Quando ia a atravessar a floresta, apareceu um lobo esfomeado. O lobo queria comê-la, mas a avó, espertalhona, enganou o lobo, dizendo que estava muito magrinha e não tinha sabor. Disse-lhe, ainda, que ia a um batizado onde ia comer coisas deliciosas e, no final do dia, estaria mais gordinha e mais doce. Ai já a poderia comer.
O lobo deixou-se enganar e fez prometer à velha que estaria de volta no fim do dia. E lá ficou à espera.
A velha seguiu o seu caminho e ia tão preocupada que nem reparou que se aproximava de um vendedor de cabaças a quem contou tudo o que se tinha passado.
O vendedor de cabaças disse-lhe para não se preocupar. Na festa deveria beber e comer, que ele ia ajudá-la.
No final do batizado, o vendedor foi buscar uma cabaça, a maior, a mais amarelinha e mais redondinha. Pediu à velha que se metesse lá dentro e que rebolasse sem parar, o mais rápido que conseguisse.
Quando a cabaça se aproximava do local onde o lobo estava à espera, ele perguntou:
- Ó cabaça, cabacinha! Viste por aí uma velha mirradinha?
E a velha, dentro da cabaça, respondeu:
- Não vi velha, nem velhinha
Não vi velha, nem velhão
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre, cabação.
O lobo ficou espantado com aquilo, mas não ficou convencido. E perguntou de novo:
- Ó cabaça, cabacinha! Viste por aí uma velha gordinha?
E a velha, dentro da cabaça, respondeu:
- Não vi velha, nem velhinha
Não vi velha, nem velhão
Corre, corre, cabacinha
Corre, corre, cabação.
O lobo, que estava cada vez mais esfomeado, disse:
- Gorda ou magra, tanto faz,
Se velha não tenho, tu me bastarás!
E preparava-se já para se atirar à cabaça, quando a velha a rolou o mais depressa possível só parando dentro da sua casa. Fechou a porta à chave e deixou o lobo, desesperado, com muita fome.

História recontada pelos alunos do 1º ano






 


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